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  • Foto do escritorElisa Gabriela

Dee Dee e Gypsy

Atualizado: 22 de jun. de 2018

Os vizinhos descreviam Dee Dee Blancharde como uma pessoa muito carinhosa. Antes do crime, ela e a filha Gypsy Rose viveram por 7 anos numa pequena casa rosa, que ficava em Springfield, no estado norte americano do Missouri.



Dee Dee tinha 48 anos e vinha do estado de Lousiana. Era descrita pelas pessoas mais próximas como alguém muito amável, que gostava de usar roupas chamativas e cheias de estampas florais. Era bastante comunicativa, sempre teve muitos amigos, não tinha muito dinheiro, mas também não trabalhava porque as 24 horas do seu dia eram dedicadas a cuidar da filha. Pelo que os vizinhos contam, Gypsy era muito menina franzina, que mal tinha os dente na boca e não chegava a ter mais de um metro e meio de altura. Parecia que poderia quebrar até ao mínimo toque. Ela era sempre vista em sua cadeira de rodas, usando óculos que eram grandes demais para o seu rosto magro e redondo, e acompanhada de uma sonda intravenosa que a alimentava.


Vez ou outra, Dee Dee era vista na rua empurrando Gypsy com um cilindro de oxigênio do lado, que passava ainda mais a impressão de que a saúde da menina era muito frágil. Qualquer pessoa que olhasse pra Gypsy imaginaria seu sofrimento por causa dos muitos problemas de saúde. Sempre que era questionada, Dee Dee falava a mesma coisa sobre a filha: que Gypsy foi um bebê problemático, que precisou ficar na UTI neonatal e teve leucemia ainda muito pequena. Além disso, ela falava que a menina sofria de distrofia muscular, asma severa, epilepsia, apneia do sono, problemas de vista e anomalias cromossômicas.


Gypsy tinha uma voz fina e infantil que a mãe justificava dizendo que era em decorrência dos danos cerebrais. Ela dizia aos outros que a filha tinha a cabeça de uma criança de 7 anos, por isso jamais poderia acompanhar as crianças normais na escola e acabava estudando em casa. A menina costumava usar chapéus e perucas pra esconder a cabeça quase careca, e não importava a ocasião, Gypsy e Dee Dee estavam sempre juntas. Nas palavras da menina, elas eram como um par de sapatos… sendo que um pé sozinho não serve de nada.

A grande questão é que Gypsy nunca esteve doente. Ela nunca teve leucemia, não sofria de apneia de sono, nem asma e muito menos epilepsia. Era tão saudável quando um ser humano normal pode ser, e é isso que torna o caso delas muito estranho e bizarro. Será que foram as mentiras sobre sua condição que motivaram Gypsy a orquestrar o assassinato da sua própria mãe? Que outra motivação dela teria?


SOBRE A VIDA DELA

A casa que Dee Dee e Gypsy viviam eram completamente adaptada para receber alguém com muitos problemas de saúde. Haviam rampas, corrimões, banheiras e tudo que se pode imaginar que alguém com necessidades especiais precisaria. Elas chegaram a participar de um programa de Tv local em 2008 que ganharam outras tantas coisas de outros programas, como viagens e encontro com famosos. A história dela era o enredo perfeito para atrair audiência. Aparentemente elas viviam uma vida tranquila e feliz, apesar das dificuldades financeiras, mais a porta para dentro a situação era outra completamente diferente.


No dia 14 de Junho de 2015, Gypsy fez um post no perfil do Facebook que dividia com a sua mãe dizendo o seguinte: Essa vaca está morta. Os primeiros comentários foram das pessoas mais próximas questionando o que estava acontecendo. O primeiro pensamento da maioria foi que a conta dela havia sido hackeada. As coisas ficaram realmente sérias quando Gypsy fez outro post dizendo: Eu rasguei aquela porca gorda ao meio e ainda estuprei aquela filha inocente dela, que gritava muito alto. Uma vizinha chamada Kim tentou ligar pra Dee Dee mais sem sucesso, foi aí que ela decidiu ir até a casa dela para saber o que estava acontecendo. As duas eram conhecidas pela maioria das pessoas do bairro, então quando a vizinha Kim chegou a casa rosa de Gypsy e Dee Dee, já havia uma duzia de pessoa na calçada. Como o carro de Dee Dee estava na garagem intacto, Kim viu que era hora de ligar para polícia, tudo estava muito estranho por ali.

A polícia chegou ao local sem o mandato de busca, então pela lei eles não podiam entrar no imóvel, mas também não impediriam que Dave o marido de Dee entrasse no imóvel e averiguasse o local antes dele. Dave encontrou o local em perfeita ordem, o ar condicionado estava no máximo, as luzes estavam apagadas, não havia cena de luta ou qualquer coisa que levasse o caso de roubo. De todas as coisas, a mais estranha era a cadeira de rodas de Gypsy estar em casa, quando ela mesma não estava. Com o mandado em mãos, a polícia revistou o lugar e encontrou Dee Dee morta em seu quarto, ela foi esfaqueada e o estado do seu corpo revelou que ela estava morta a muito dias. Gypsy por sua vez estava desaparecida, se estava viva ou morta ninguém sabia.

Não demorou para que as primeiras pistas começassem a aparecer. A Lia era uma jovem de 25 anos que trabalhava num plano de saúde na época do crime, ela tinha um carinho fraternal por Gypsy, como uma irmã mais velha, apesar dos cuidados de Dee Dee para não deixar a filha sozinha com outras pessoas, Gypsy chegou a confidenciar algumas coisas para a Lia. A primeira coisa era que a menina tinha um perfil fake no Facebook sobre segredo com o pseudônimo de Emma Rose, ela contou a Lia por mensagens que havia conhecido um homem pela internet, que estava apaixonada e que a mãe não sabia de nada disso, ela falou ainda que Dee Dee nunca aprovaria que ela saísse com alguém, apesar da sua vontade de sair com garotos e de ter um namorado como qualquer outra pessoa na sua idade. Em muitos diálogos Gypsy deixava claro para Lia que vivia em conflito com a mãe que não deixava fazer nada sem sua supervisão.

O nome do namorado de Gypsy era Nicholas Godejohn e eles trocaram mensagens pela internet por 2 anos inteiros, os dois planejavam se casar e discutiam os nomes dos seus possíveis filhos. A menina planejou em muitas ocasiões muitos encontros entre a mãe e o namorado, na esperança de tornar o relacionamento deles público e aceitável.

Mesmo que Dee Dee repetisse sem parar que a mente de sua filha era de uma inocência de uma criança de 7 anos, quem a conhecia de perto podia ver que não era bem assim. Ela pensava em amor e sexo como qualquer jovem adulta. Nas suas declarações para polícia, a Lia chegou a contar que Dee Dee chegou a confrontar sobre algumas conversas que teve com Gipsy, a proibiu a falar sobre certos assuntos com a menina e tirou o celular e o computador da filha.

Dee Dee se esforçava para isolar Gypsy de tudo e de todos, então a Lia foi perdendo contato com a menina pouco a pouco. Quando ela ficou sabendo o que tinha acontecido com Dee Dee achou melhor contar para polícia tudo que sabia. Graças ao conteúdo das mensagens da Lia, eles tinham um suspeito para o crime, então rapidamente rastrearam o post feito 14 de junho e descobriram que o IP estava registrado no nome de Nicholas Godejohn, o namorado de Gypsy.

Um dia depois de encontrar o cadáver de Dee Dee, em 15 de Junho a polícia invadiu a casa de Nicholas em Big Ben, Wiscousin. A surpresa maior é que Gipsy estava com ele e não parecia ter sido levada a força, mas nada foi mais surpreendente que ver Gypsy andando sozinha sem a ajuda da cadeira, a verdade é que ela nunca precisou dela, suas pernas sempre foram normais e seus músculos sempre funcionaram muito bem.

Todas as mentiras que Dee Dee havia criado sobre a saúde de Gypsy caíram por terra. Ela não precisava do cilindro de oxigênio para respirar, não precisava dos remédios e conseguia se comunicar normalmente. Tudo que se conhecia sobre a história delas era uma enorme farsa.

A menina disse que Dee Dee raspava sua cabeça para parecer doente, que a obrigava a fazer tudo aquilo. Dee Dee inventou tantas histórias sobre si mesma que se perdeu no seu labirinto de mentiras, fantasias e invenções. Gypsy e Nicholas foram presos, mais só a garota foi sentenciada até agora. Ela confessou que todo plano para matar Dee Dee foi dela e que apenas pediu ao namorado para executar sua mãe.

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