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  • Foto do escritorElisa Gabriela

Massacre de Realengo


Massacre de Realengo refere-se à chacina ocorrida em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo na cidade de Rio de Janeiro . Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revolveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 13 e 16 anos, e deixando mais de treze feridos. Oliveira foi interceptado por policiais, cometendo suícidio.

A motivação do crime figura incerta, porém a nota de suicídio de Wellington e o testemunho público de sua irmã adotiva e o de um colega próximo apontam que o atirador era reservado, sofria bullying e pesquisava muito sobre assuntos ligados a atentados terroristas e a grupos religiosos fundamentalistas. O crime causou comoção no país e teve ampla repercussão em noticiários internacionais. A então ex-presidente do Brasil, Dilma Rouseff, decretou luto nacional de três dias em virtude das mortes.


SOBRE O AUTOR DO CRIME

Wellington Menezes de Oliveira (Rio de Janeiro, 13 de julho de 1987— Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011), de 23 anos, foi aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira até à 8.ª série (9.º ano atualmente).

Wellington era filho adotivo de Dicéa Menezes de Oliveira, o caçula de cinco irmãos e foi adotado ainda bebê. Sua mãe biológica sofria de problemas mentais e chegou a tentar se matar. É descrito por familiares e conhecidos como um rapaz calado, tímido, introspectivo, que não se metia em problemas nem desrespeitava regras. Sua mãe adotiva, que morreu em 2010, era testemunha de Jeová; Wellington também chegou a frequentar a religião, mas nunca havia se tornado adepto. Era uma pessoa calada, tímida e passava boa parte de seu tempo navegando na internet.

Em entrevista concedida no dia 13 de abril, os familiares confirmaram que Wellington era muito fechado e introspectivo, que só se relacionava com as pessoas pela internet, tinha poucos amigos e não participava da vida familiar, passando quase todo o tempo diante do computador. Sendo adotado por uma mulher já com mais de cinquenta anos e tendo irmãos já casados, foi tratado de modo distinto pela mãe, que imaginava ter que deixá-lo muito cedo devido à idade. Ela é descrita como um porto seguro para Wellington e a morte dela agravou sua doença psiquiátrica, já conhecida da família e com uma tentativa de tratamento com psicólogo, que foi abandonada pelo rapaz. Ele acompanhava reuniões das testemunha de Jeová com a mãe, muito religiosa, não tendo se tornado adepto da religião e também não tinha ligação com grupos islâmicos, como a mídia inicialmente informou, embora tenha procurado outras religiões quando se desligou das testemunhas de Jeová. Os parentes se dizem surpresos com o crime e com medo de se exporem publicamente.


COMO CONSEGUIU A ARMA?

Investigações da polícia posteriores ao massacre, por meio de uma denúncia anônima, descobriam que Wellington havia saído para comprar o revólver calibre 38 com dois homens, um vigia desempregado e um chaveiro, Charleston Souza de Lucena e Izaías de Souza, respectivamente, e ambos os suspeitos admitiram ter intermediado a venda do revólver num quiosque próximo da casa de Wellington em Sepetiba. A alegação de Wellington, de acordo com um dos suspeitos, foi a de que ele usaria a arma para se proteger, pois vivia sozinho. Um terceiro homem teria participado propriamente da venda, Robson, fornecendo diretamente a arma para Wellington, enquanto os outros dois haveriam apenas servido como intermediadores.

Ambos os homens presos disseram-se arrependidos pela venda. Isaías declarou: "Se soubesse que era para fazer isso, não tinha participado, porque eu também tenho filhos, que estudam inclusive numa escola em frente onde Wellington morava", enquanto Charleston declarou: "Agora infelizmente vou ter que pagar por este ato. Espero que a Justiça faça o que tem que fazer, que ela seja cumprida". Embora os acusados tenham afirmado que Robson morreu no carnaval de 2011, a polícia ainda assim o investiga e tenta procurar evidências de sua suposta morte. Os investigadores também não sabem como Wellington obteve sua outra arma, um revólver 38, com o qual efetuou a maioria dos disparos.


COMO OCORREU O CRIME?

Wellington, dirigiu-se a pé para a escola na manhã de 7 de abril de 2011, portando dois revólveres — um de calibre .38 e outro de calibre .32 — e carregadores automático, que, segundo os policiais, exigem treinamento para uso. Ele estava bem vestido e, por volta das 8h, identificou-se como um palestrante que iria conversar com os alunos naquela manhã. Depois, subiu para o primeiro andar e entrou numa sala de aula da 8ª série (9º ano atualmente), onde estava ocorrendo a segunda parte de uma aula dupla de língua portuguesa com a professora Leila D'Angelo. Wellington entrou sem pedir licença, calmamente, e então pegou suas armas, uma em cada mão, e começou a atirar nos alunos, nos braços e pernas dos meninos e nas cabeças das meninas, visando a matar somente elas. Segundo testemunhas, ele se referia às meninas como seres impuros e posicionava a arma em suas testas de forma cruel antes de matá-las. Morreram dez meninas e dois meninos, todos com idade entre 13 e 16 anos. Ele conseguiu dar mais de trinta tiros, graças ao uso dos carregadores.

Houve pânico e os alunos e funcionários começaram a correr. Agentes do Departamento de Transporte Ferroviário (Detro), que faziam uma fiscalização em uma rua próxima, foram avisados por uma criança baleada que acabara de fugir do local. Policiais militares do Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário e Urbano (BPRV), que acompanhavam a ação do Detro, foram até o local e, na tentava de impedir Wellington, efetuaram dois disparos: um atingiu a perna do rapaz e o segundo o abdômen. Logo em seguida ele caiu na escada que dava acesso ao andar de cima, e então atirou contra a própria cabeça.

Wellington foi detido pelo 3º Sargento da Polícia Militar Márcio Alexandre Alves, de 38 anos. Segundo ele, o rapaz chegou a apontar-lhe a arma, sem contudo atirar. Alves atirou em Wellington, fazendo-o cair, e logo em seguida o rapaz cometeu suicídio. "O sentimento é de tristeza pelas crianças. Eu tenho filho nessa idade. Mas também é sentimento de dever cumprido, impedi que ele chegasse ao terceiro andar e fizesse mais vítimas", declarou.

Wellington Oliveira deixou uma nota de suicídio no local. Na missiva, já havia por escrito a intenção de se matar após a sua ação premeditada.


VÍTIMAS

  • Ana Carolina Pacheco da Silva, 13 anos;

  • Bianca Rocha Tavares, 14 anos;

  • Géssica Guedes Pereira, 15 anos;

  • Igor Moraes, 13 anos;

  • Karine Chagas de Oliveira, 14 anos;

  • Larissa dos Santos Atanásio, 13 anos;

  • Laryssa Silva Martins, 13 anos;

  • Luiza Paula da Silveira Machado, 15 anos;

  • Mariana Rocha de Souza, 13 anos;

  • Milena dos Santos Nascimento, 15 anos;

  • Rafael Pereira da Silva, 14 anos;

  • Samira Pires Ribeiro, 14 anos.

Famílias de quatro das vítimas decidiram doar os órgãos dos adolescentes. A prefeitura homenageou as vítimas dando seus nomes a doze creches da cidade. A primeira a receber esta homenagem foi Samira Pires Ribeiro, cujo nome foi dado a uma creche (Espaço de Desenvolvimento Infantil) no bairro de Guaratiba.


MOTIVAÇÃO

A motivação do massacre não é conhecida ao certo. Cogita-se a hipótese de que o assassino possuía traços de psicopatia. Porém, não é de todo certo que o assassino de Realengo fosse psicopata, uma vez que uma das características principais da psicopatia é a falta de remorso do sociopata e o prazer que tem ao ver o sofrimento de suas vítimas. Do ponto de vista psiquiátrico, o sociopata não tem ideação suicida, sente prazer em matar mas não atenta contra sua própria vida. Com rigor científico, o assassino de Realengo sofria de algum distúrbio neuropsiquiátrico com traços psicóticos, aliando ideação persecutória, delírios, alucinações, fantasias e distorção da realidade. Sua carta suicida e sua página pessoal no site de relacionamento, O Orkut continham temas religiosos e passagens de livros da Bíblia, como Ezequiel e Eclesiastes. O jornal Clarín, por exemplo, afirmou que o autor a concluía com pedidos de um "típico fiel católico", ao escrever que precisava da "visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez" e ao citar a segunda vida de cristo, embora outras correntes religiosas também acreditem na Parúsia. Na tarde do dia da tragédia, a mídia nacional veiculou que sua irmã adotiva disse que ele era ligado ao islamismo, não saía de casa e "vivia na Internet". Entre outras especulações, está a de que o atirador havia sofrido bullying quando estudava na escola. Essa hipótese abre a oportunidade de opinião de que foi uma "tragédia importada" por não ser novidade em outros países, como EUA, Argentina, Rússia e China, mas muito rara no Brasil.

Somando a motivação de caráter religioso com a de mau tratamento durante os tempos de escola, um amigo próximo de Wellington afirmou que ele "sofria bullying, era viciado em jogos violentos e em ataques terroristas". O colega disse que o apelido de Wellington na adolescência era Al Quaeda, em referência à organização fundamentalista islâmica, apontada como autora de diversos atentados. Ainda segundo o colega, Wellington era reservado e, entre os assuntos de suas conversas, destacavam-se os atentados terroristas, como o ocorrido em 11 de setembro com as Torres Gêmeas, que teria sido o "seu preferido".

Na casa de Wellington, encontraram-se cartas nas quais revelava ter ligações com grupos extremistas islâmicos e que praticava o islamismo, lia o Alcorão quatro horas por dia, meditava sobre atentados e tinha interesse em visitar países muçulmanos. Ao visitar um barbeiro, segundo o depoimento deste, disse que não poderia raspar a longa barba que ostentava e que lhe cobria todo o rosto porque seria expulso do grupo ao qual pertencia e com o qual se reunia periodicamente no Rio de Janeiro (a barba, de fato, faz parte da tradição islâmica como símbolo de masculinidade, motivo de orgulho e objeto de redobrada atenção, além de representar há muito tempo a reputação do fiel). No momento do crime, o atirador já não estava mais com a barba e, de acordo com um comerciante da região que o conhecia frequentemente, Wellington já havia raspado totalmente a barba na véspera do massacre.


A CARTA DO SUICÍDIO

“Primeiramente deverão saber que os impuros não poderão me tocar sem luvas, somente os castos ou os que perderam suas castidades após o casamento e não se envolveram em adultério poderão me tocar sem usar luvas, ou seja, nenhum fornicador ou adúltero poderá ter um contato direto comigo, nem nada que seja impuro poderá tocar em meu sangue, nenhum impuro pode ter contato direto com um virgem sem sua permissão, os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco que está neste prédio, em uma bolsa que deixei na primeira sala do primeiro andar, após me envolverem neste lençol poderão me colocar em meu caixão. Se possível, quero ser sepultado ao lado da sepultura onde minha mãe dorme. Minha mãe se chama Dicéa Menezes de Oliveira e está sepultada no cemitério Murundu. Preciso de visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna.
Eu deixei uma casa em Sepetiba da qual nenhum familiar precisa, existem instituições pobres, financiadas por pessoas generosas que cuidam de animais abandonados, eu quero que esse espaço onde eu passei meus últimos meses seja doado a uma dessas instituições, pois os animais são seres muito desprezados e precisam muito mais de proteção e carinho do que os seres humanos que possuem a vantagem de poder se comunicar, trabalhar para se alimentarem, por isso, os que se apropriarem de minha casa, eu peço por favor que tenham bom senso e cumpram o meu pedido, por cumprindo o meu pedido, automaticamente estarão cumprindo a vontade dos pais que desejavam passar esse imóvel para meu nome e todos sabem disso, senão cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi.”
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